Hominização (FT sobre este documento e video)

HOMINIZAÇÃO

O ser humano, tal como o conhecemos hoje, é o resultado de milhões de anos de evolução física, intelectual e social. A este longo processo evolutivo chamamos de hominização.

As principais transformações verificadas  ao longo da hominização foram:

A conquista da verticalidade e da bipedia, isto é, a capacidade de se deslocarem nos dois membros inferiores (as pernas);

O   desenvolvimento da caixa craniana e da massa cerebral e a aquisição da inteligência;

E o desenvolvimento da  linguagem articulada.                                                    

São   estas   três   características   (verticalidade   /   bipedia,   inteligência   e   linguagem   articulada) que tornam o ser humano diferente dos outros primatas.

ÁFRICA –O BERÇO DA HUMANIDADE

A evolução do Homem, isto é, a hominização, teve origem numa espécie particular de primatas, os símios arborícolas que habitavam nas florestas da África Oriental. Há cerca de 6 milhões de anos ocorreram grandes alterações climáticas: o clima tornou-se mais seco e a floresta transformou-se em savana. A savana não tem árvores como a floresta, mas apenas vegetação rasteira. Era um local onde faltavam os alimentos e os lugares de refúgio a que estes símios estavam habituados.

Portanto, os símios vão ser obrigados a adaptar-se às novas condições do meio, e é assim que evoluem para espécies que eram capazes de se erguer e deslocar-se apenas com as patas traseiras. Esta capacidade, a bipedia, permitia-lhes:

        Defenderem-se melhor dos predadores, avistando-os a uma distância maior;

        E libertar as mãos para recolher alimentos e começar a fabricar instrumentos.

Há 4 milhões de anos surgem, na África Oriental e do Sul, os hominídeos – que são considerados os antepassados mais próximos do Homem. Hoje em dia sabemos algumas coisas sobre a evolução e o modo de vida deles graças à Arqueologia, que faz escavações para investigar os seus vestígios.

1) Australopitecos

Os primeiros hominídeos foram chamados Australopitecos. Eram baixos (mediam cerca de 1,20m) e tinham um cérebro apenas ligeiramente maior ao de um chimpanzé. Tinham os olhos encovados, o nariz achatado e os maxilares bastante salientes. Já eram bípedes e caminhavam quase erectos. Alguns Australopitecos conseguiam mesmo fazer instrumentos de pedra, muito grosseiros.

2) Homo Habilis

Por volta de há 3 milhões de anos começaram a aparecer outras espécies de hominídeos nas savanas africanas – os Homo Habilis, assim designados   devido à  sua habilidade  para utilizar as mãos no fabrico de instrumentos. Este hominídeo vivia em grupo, media cerca de 1,20 e 1,50m de altura e tinha um cérebro mais desenvolvido. Já fabricava instrumentos em pedra lascada, caçava e pescava animais de pequeno porte.                                          

Foi a necessidade de defesa dos outros animais, de caçar e pescar, de cortar a carne dos animais e rasgar as suas peles, que levou estes hominídeos a fabricarem instrumentos em pedra (principalmente em sílex), como os seixos quebrados, bifaces, pontas de lança, lâminas e anzóis. Apesar de serem instrumentos rudimentares, para fabricá-los o Homo Habilis desenvolveu a técnica da lascagem, que consistia em desbastar um bloco de pedra (o núcleo) dando-lhe pancadas precisas com outra pedra, osso ou um pedaço de madeira (o percutor), de modo a desprenderem-se lascas. O uso destes instrumentos durante centenas de

milénios de anos levou a que este período da Pré-História ficasse conhecido por Paleolítico (que significa Idade da Pedra Lascada).

3) Homo Erectus

Há   2   milhões   de anos   surgiu   outro   hominídeo, o  Homo Erectus, assim chamado porque alcançou a verticalidade e   bipedia   perfeita.   Possuía   um   cérebro   volumoso,   era mais inteligente, capaz de comunicar entre si através de uma linguagem rudimentar e era um bom corredor. Foi o  primeiro  hominídeo  a   expandir-se   para   fora  de  África, povoando a Europa e a Ásia. Contudo, o Homo Erectus é mais conhecido por ter conseguido dominar o fogo.

Durante muito tempo, o Homo Erectus sabia apenas conservar o fogo produzido por causas naturais. Só mais tarde terá descoberto como fazer fogo intencionalmente, chocando duas pedras ou friccionando bocados de madeira.

A  descoberta   do   fogo  trouxe  imensas vantagens aos hominídeos que, pela primeira vez, dominavam uma  fonte de energia que lhes permitia:

1.  Cozinhar os alimentos

2.  Iluminar durante a noite

3.  Aquecer-se quando estava frio 

4.  Aperfeiçoar alguns instrumentos

5.  Proteger-se dos predadores

6. E desenvolver os laços sociais e a linguagem,  porque o grupo reunia-se e convivia junto da fogueira.

4) Homo Sapiens

Há   cerca   de   200   mil   anos   surgiu   o  Homo   Sapiens,   que significa “o Homem inteligente”. De facto, este hominídeo, também   conhecido   por  Homem  de  Neandertal,  possuía um cérebro mais volumoso que o nosso, comunicava através de sons e já desempenhava vários tipos de tarefas que requerem inteligência e alguma sensibilidade, tais como: o fabrico de instrumentos variados e aperfeiçoados (como os raspadores e as lâminas), a caça em grupo de animais de grande porte através de armadilhas e o enterro e culto dos seus mortos.

5) Homo Sapiens Sapiens

Há cerca de 40 mil anos, a evolução do homem atingiu a sua fase actual quando apareceu o Homo Sapiens Sapiens, fisicamente idêntico aos homens actuais. Este homem moderno expandiu-se por todas as áreas do Planeta. Este fenómeno explica-se, sobretudo, pelo crescimento   populacional e  pela  procura   de   novos   territórios de   caça.  O   aperfeiçoamento   das técnicas de caça e o domínio do fogo garantiram aos seres humanos mais e melhor alimento, contribuindo, assim, para que as pessoas vivessem mais tempo e que houvesse um aumento da população. Outro factor que permitiu a passagem dos humanos para outros conti-

nentes   foi   a   formação de grandes  glaciares. A superfície  gelada permitiu passar  entre os continentes a pé ou de canoa.